Inadimplência em alugueis de São Paulo cai ao menor patamar após um ano de Covid
Medido pela AABIC, IPEMIL encerrou o mês de março em patamar de 1,82%, o menor índice mensal apurado desde abril de 2020, quando a pandemia eclodiu o início da fase mais aguda da crise econômica
São Paulo, abril de 2021 - Apesar da pandemia da Covid-19 ter provocado uma segunda onda de infecção mais agressiva em todo o País, com a imposição de um novo período de medidas mais restritivas para a circulação das pessoas e funcionamento de atividades comerciais, a inadimplência nos alugueis de imóveis residenciais e comerciais de São Paulo encerrou o primeiro trimestre de 2021 no menor índice desde abril do ano passado. É o que revela o Índice Periódico de Mora e Inadimplência Locatícia (IPEMIL), medido pela Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).
Segundo o levantamento, o índice de inadimplência nos alugueis atingiu o patamar de 1,82% em março deste ano, o que representa uma queda de 0,23% em relação ao mesmo mês de 2020, que havia fechado em 2,05%. O indicador de março é o menor registrado pela pesquisa da AABIC desde abril de 2020, quando o IPEMIL chegou a 1,13%.
A AABIC considera para efeito de inadimplência os valores de boletos emitidos no mês e não pagos até 90 dias após a data do vencimento. Pelo levantamento, o IPEMIL de março não foi impactado pelas restrições mais rigorosas impostas à população e empresas na fase emergencial pelo Governo de São Paulo em meados de março, como forma de frear a pandemia no seu período mais letal em todo o País.
Mesmo com os efeitos da pandemia na economia brasileira, o IPEMIL mostra que o índice de inadimplência se manteve relativamente equilibrado, com o maior registro em julho do ano passado, 4,25%, e tendência de queda a partir de setembro. No balanço do primeiro trimestre de 2021, por exemplo, o índice médio de inadimplência ficou em 1,96%, muito próximo do consolidado dos três primeiros meses de 2020, que oscilou na casa de 1,32%.
Segundo o presidente da AABIC, José Roberto Graiche Júnior, o baixo patamar de inadimplência demonstra que o bom senso e as negociações, geridas pelas administradoras, entre proprietários e inquilinos prevaleceram nessa época de enfrentamento da crise econômica provocada pela pandemia. Por isso, avalia o dirigente, “o contexto reforça que não cabe interferência dos Poderes Executivos e Legislativo nas negociações de valores no mercado de alugueis, conforme propõem setores da economia”.
As discussões sobre o índice levaram a Câmara a interferir no assunto, com a criação de um projeto de lei que limita o índice de reajuste ao teto do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Atualmente, a lei permite a livre pactuação entre as partes para eleição do índice de reajuste do aluguel.
Na avaliação do presidente da AABIC, o IGP-M é o índice que melhor retrata a realidade de inflação dos negócios, se analisar um período mais longo. Além disso, diz Graiche Júnior, o mercado de locação tem consciência de que os acordos e negociações são capazes de absorver variações atípicas. “A inadimplência baixa e a tendência de queda refletem o equilíbrio de mercado, que atualmente é livre para utilizar o índice mais adequado, o que descarta a necessidade de interferência dos Poderes”, avalia o dirigente. “O mercado é suficientemente maduro para negociar valores com bom senso, mesmo com uma alta pontual do IGP-M. A interferência na legislação vai travar essa autorregulação“, pontua.
Ainda de acordo com levantamento da AABIC, a vacância de imóveis destinados a locação, no Estado de São Paulo, mantém a taxa de aproximadamente 25%, considerando residenciais e comerciais. Antes da pandemia, o percentual de empreendimentos vagos era de 18%. A proliferação da Covid-19 afetou principalmente a locação de imóveis comerciais, que registra 38% da carteira das associadas desocupados, quase o dobro de março do ano passado, que apontava 20% de vacância. Considerando o segmento residencial, a 18% do total seguem vagos, ante 9% registrados há um ano.
Inadimplência Condominial
O levantamento da AABIC mostra que a inadimplência no pagamento de boletos condominiais também encerrou o primeiro trimestre de 2021 com tendência de queda. O IPEMIC (Índice Periódico de Mora e Inadimplência Condominial) ficou em 2,17% em março, ante o índice de 2,28% registrado em igual período do ano passado. O IPEMIC de março deste ano também é o menor índice registrado para este mês desde o início de medição, em 2004. O indicador representa que os condôminos estão, cada vez mais, mantendo a taxa condominial em dia.
Para o presidente da AABIC, a pandemia fez com que os condôminos valorizassem o local onde vivem e os serviços prestados nos empreendimentos. “O pagamento da taxa condominial é importante para manter o local nas melhores condições, como limpeza, segurança e atendimento. Além disso, os condôminos percebem cada vez mais e valorizam a importância da qualidade nesses serviços prestados para garantir o bem-estar”, finaliza.