Pandemia impulsiona os negócios de mercadinhos e feirinhas nos condomínios
Com a pandemia do novo coronavírus, quanto menos se sai de casa, melhor. Esse comportamento tem feito com que os mercados e feirinhas dentro dos condomínios estejam ganhando força. Tanto que tem estabelecimento que viu as vendas aumentarem em até 200%. Neste contexto, as startups de mercados automatizados nos condomínios - serviço de autoatendimento em que o morador pega e paga o produto sozinho - também estão crescendo pelo país.
Um exemplo de negócio em condomínio que teve aumento nas vendas é o da Acanto Mercearia, localizada em São Tomé de Paripe e gerenciada por Adriana Pessoa. Ela conta que o crescimento de 200% nas suas vendas é porque os clientes consideram mais seguro comprar no seu estabelecimento do que fora do condomínio.
Para o síndico Paulo Marinho, esses negócios condominiais são algo positivo, mas é preciso regras e cuidados. No atual momento de pandemia, ele aponta que a existência desses espaços é vantajosa pela comodidade para os moradores e porque os clientes tendem a tomar mais cuidado do que quando saem na rua por estarem no seu espaço residencial.
Mas nem sempre foi assim. Adriana conta que no começo da pandemia era comum os clientes esquecerem a máscara até por se sentirem ainda no ambiente de casa, por isso ela tomou algumas medidas.
“Passei a avisar que é importante o uso da máscara, tomar os cuidados necessários, até coloquei avisos na porta do estabelecimento, e agora já melhorou bastante. Quando muitas pessoas querem comprar algo elas ficam do lado de fora, afastadas, e esperam para entrar duas por vez”, relata.
No caso da Padaria Móvel - trailers-padaria que atuam em condomínios e fora deles também, a pandemia teve duas fases, como explica a empreendedora Sandra Prata. A primeira aconteceu nos meses iniciais em que houve uma queda de vendas, a segunda vai de julho até agora, em que os números voltaram à regularidade pré-Covid-19.
“Em alguns condomínios passamos a realizar entregas, mas o foco do nosso negócio é essa conveniência e comodidade para os moradores. Nos sentimos seguros porque os clientes têm usado máscara e tomado os cuidados necessários, até porque as regras dos condomínios exigem isso”, diz a empreendedora.
Ela explica que os trailers costumam ficar nos condomínios e que os associados se dirigem ao local para fazer as vendas. Em relação às regras para funcionar no ambiente residencial, são duas as principais: seguir o horário determinado para vendas e permanecer no local definido para o trailer.
É preciso que os condomínios e empreendedores estejam atentos às regras e aos cuidados necessários para esses negócios, de acordo com o presidente do Sindicato de Habitação da Bahia (Secovi-BA), Kelsor Fernandes. “Tem que ter autorização da assembleia para que haja a exploração dos espaços no condomínio”.
Outro ponto que ele comenta é que esses negócios devem seguir as mesmas normas que outras empresas seguem. É preciso que sejam fiscalizados pelos órgãos competentes para que tenham regularidade.
Algumas outras questões também precisam ser definidas por assembleia, como aponta o síndico Paulo Marinho. O horário de funcionamento, o que pode ser comercializado e a limitação de quem pode frequentar e consumir nesses espaços são alguns dos pontos que precisam ser considerados.
Automatização
A pandemia do novo coronavírus gerou dificuldade para diversos setores, mas acelerou algumas mudanças. O ramo dos mercados tecnológicos sem funcionários foi impactado positivamente, de acordo com o CEO da Market4u, Eduardo Cordova. Ele conta que a procura por seu negócio aumentou em 1.000%.
“Este momento de pandemia criou uma urgência dos condomínios por segurança e comodidade, porque as pessoas estão buscando esse serviço mais seguro, sem contato. O que evidenciou nosso modelo de negócio de mercados automatizados e muitos condomínios passaram a vir atrás. Isso criou um aumento muito grande na procura”, explica o empresário.
Está programada para setembro a instalação da primeira unidade de mercadinho automatizado da Market4u em condomínio no bairro da Barra, em Salvador. Para os próximos 12 meses existe o planejamento de mais 50 unidades na capital baiana. Entre as vantagens que Eduardo comenta sobre seu modelo de negócio inclui a comissão de 3% das vendas para o condomínio.
Fonte: A Tarde Online