"Virei síndico para vivenciar as dificuldades do cargo’, diz jovem baiano
O síndico profissional Lucas Cardoso acumula experiência de sobra apesar da pouca idade. Com apenas 28 anos e advogado de formação, ele resolveu entrar no ramo da sindicatura para poder sentir na pele as angústias e alegrias de gerir um condomínio. Assumiu um residencial de grande porte – o Hemisphere 360, na capital baiana - e adorou a experiência. Para ele, mostrar dia após dia os frutos de seu trabalho para os moradores é o maior desafio da carreira, que ainda carece de profissionais qualificados. Confira a entrevista de Cardoso na íntegra:
Como descobriu a vocação para ser síndico?
Atuando como advogado de condomínios há mais de cinco anos, naturalmente terminei me envolvendo em assuntos administrativos e na gestão de conflitos dos clientes do meu escritório. Como os síndicos me viam como conselheiro, eu resolvi assumir a função, até mesmo para poder vivenciar as dificuldades do cargo. Eu assumi um condomínio de grande porte de minha cidade e a experiência tem sido incrível.
Que curso(s) fez para se aprimorar na área condominial?
Sou pós-graduado em Direito e Gestão Imobiliária pela Faculdade Baiana de Direito, tenho Curso de Administração Prática de Condomínios pela Tecnoponta em São Paulo, além de sempre me atualizar, sendo membro da Comissão de Condomínios do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário e membro da Comissão de Direito Condominial da Ordem dos Advogados do Estado da Bahia
Conte uma situação desafiadora em condomínio pela qual já passou como síndico e como a solucionou.
Um promitente comprador tentou invadir um apartamento no condomínio, sem ter recebido as chaves. Informei imediatamente a situação aos conselheiros e impedi sua entrada no condomínio. Infelizmente, tivemos que resolver a situação na delegacia.
Na sua visão, qual o principal desafio na carreira de um síndico?
O principal desafio é ter que comprovar diariamente os resultados do trabalho desenvolvido e convencer os condôminos qual deve ser o melhor caminho a ser percorrido.
Que características um bom síndico deve ter?
O síndico deve ser competente, transparente e ter uma enorme segurança emocional. A competência é atributo básico, pois é preciso gerir o condomínio e ter propriedade para convencer os condôminos. A transparência é essencial, pois além de demonstrar todo o trabalho desempenhado, evita qualquer questionamento sobre os rumos da gestão. Por fim, a segurança emocional é importante para saber lidar com todos os tipos de personalidades dos condôminos, gerir conflitos e jamais perder a postura e tranquilidade.
E quais comportamentos o síndico deve evitar ao máximo?
O síndico não pode ter relação de amizade com nenhum condômino, sempre mantendo o profissionalismo. É preciso compreender que se é gestor de todos e não de determinado grupo, devendo sempre agir com suas próprias convicções e com total transparência.
Acredita que a profissão hoje é mais valorizada do que há alguns anos?
A concepção de condomínios clube e a maior responsabilidade cível e criminal do síndico geraram a necessidade da profissionalização. Eu acredito que a profissão é valorizada, mas ainda há uma enorme carência de pessoas qualificadas para atuar, o que termina prejudicando a imagem dos profissionais.
Qual é, na sua opinião, uma característica marcante dos condomínios do seu Estado? Há algum tipo de problema ou questão pela qual a maioria passa?
Os problemas de convivência e criação de grupos políticos internos dentro dos condomínios, principalmente nos maiores, têm ocasionado em enormes dificuldades para gestão nestes empreendimentos. Muitas vezes a necessidade dos condôminos de demostrarem que estão com a razão fica muito acima do real propósito, que são os problemas dos condomínios.
Fonte: Revista área comum