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18/11/2020

”Esse não ganha nem para Síndico!” Uma carta aos que ganharam.

”Esse não ganha nem para Síndico!” Uma carta aos que ganharam.

Quem nunca ouviu essa frase? Eu mesmo a proferi algumas vezes injustamente na vida. Em época de eleições municipais então, a frase volta com toda a força. O que muita gente ainda não sabe é da revolução profissional que estamos vivenciando nessa profissão.

 

Para entendermos um pouco, voltemos ao contexto histórico: Ser síndico nunca foi profissão. Ninguém nasce querendo ser síndico. Vista como uma atividade paralela à profissão, o exercício era feito de maneira amadora, normalmente pelo aposentado, ou pelo mais instruído de um prédio. Até hoje grande parte dos síndicos do Brasil não sabe exatamente o motivo pelo qual é síndico. Fiz uma enquete com muitos que entrevistei nesse ano, e muitos não souberam me responder.

 

Mas o que o ano de 2020 nos mostrou é que 2 atividades ganharam holofotes com a pandemia: profissionais de tecnologia e… Síndicos!

 

Com o confinamento, aquela atividade exercida de maneira amadora necessitou de muito apoio profissional. Gestão de conflitos e pessoas foram e ainda estão sendo o legado da pandemia. Em grandes capitais esse mercado está não só em plena expansão, como tem se profissionalizado cada vez mais. Cursos explodem pelo Brasil, eleições acirradas e com nervos à flor da pele e saibam meus amigos, é uma atividade muito rentável.

 

Sim, porque nessa década vivenciamos o nascimento de uma profissão que requer muitas especialidades em uma só: o Síndico Profissional.

 

Atividade de muita responsabilidade e pouco reconhecimento, ele ou ela – pois saiba que elas estão com tudo nesse mercado – é responsável pela organização e pulsação dessa entidade viva chamada Condomínio. A profissão de síndico se assemelha à de árbitro de futebol: muita cobrança, pouco reconhecimento, sobra xingamento, e quanto melhor o trabalho, menos reconhecimento possui.

 

Tal como árbitros renomados, eles sabem que precisam de representação forte perante os políticos para que tenham a regulamentação da profissão assegurada. Isso lhes traria respaldo jurídico, ampliando as oportunidades e sobretudo, tornaria visível a distinção dos excelentes profissionais dos péssimos.

 

A visão que a sociedade possui dessa verdadeira profissão é injusta. Os bons pagam pelos maus. Vista como amadora, precária e corrupta por muita gente, são eles que gerenciam essas verdadeiras empresas que são hoje os condomínios.

 

Pense: boa parte dos condomínios possuem fluxo de pessoas maiores que muitas cidades desse país e possuem arrecadação considerável. Por lei, os síndicos já possuem obrigações semelhantes a grandes presidentes de empresas: Fazem a gestão de patrimônio alheio. Diferentemente dos empresários, que em larga escala confundem o patrimônio pessoal do profissional, aos síndicos é dada a responsabilidade de gestão de um todo, arcando com seu próprio bolso em caso de danos.

 

A questão aqui é para que tornemos a gestão condominial de forma verdadeiramente profissionalizada, será necessário rompermos com vícios do passado que ainda prendem os síndicos ao amadorismo, mesmo com cursos profissionalizantes no currículo!

 

Pois é, estamos chegando ao ponto que para a gestão profissionalizada não basta o capitão possuir títulos: se faz necessário que a equipe toda seja profissional. E aqui temos um ponto delicado, pois a luta pelo reconhecimento profissional não é somente dos síndicos, mas de todos os envolvidos na gestão condominial.

 

Contadores, Administradores, Advogados, Síndicos, Auditores, Trabalhadores, Terceirizados, e até mesmo Conselheiros precisam ter a mentalidade e possuir atitudes profissionais. Ao longo dessa jornada condominial, tenho contato com muitos desses. Funcionam muito bem sozinhos, mas não como um time. Não raro vejo síndicos solicitarem orçamentos ao nosso escritório onde o preço se torna decisivo. Bom, os mais de 20 anos no Direito já me fizeram perceber que escolher autônomo somente pelo preço quase nunca dá bom negócio.

 

É necessário conhecer as nuances do condomínio, suas rotinas, seus índices de inadimplência. Cada condomínio tem um perfil diferente. E pra cada um deles se faz necessário um acompanhamento profissional individualizado, mas voltemos ao passado para entendermos melhor.

 

Pelo contexto histórico administradores foram os primeiros a se tornarem profissionais. Pudera, alguém precisava fazer o trabalho administrativo dos condomínios. Muitos síndicos até hoje são eleitos e não sabem nem por onde começar o trabalho. Muitos administradores são os verdadeiros síndicos de alguns condomínios, tamanho o amadorismo.

 

Só que isso existia ainda na época em que os condomínios eram menores, de bairro mesmo, quando os moradores criavam raízes e os vizinhos se conheciam de porta a porta. Com a explosão condominial vivida na última década essa situação mudou radicalmente. Hoje sou Advogado de Condomínios com alto grau de complexidade, muitos contratos terceirizados, giro constante de moradores ou locadores (o que aumenta consideravelmente os conflitos).

 

Condomínios Comerciais e Shoppings são pontos de alto fluxo de pessoas e rotatividade de responsáveis pelas unidades. Gerir um condomínio é quase uma missão. E missão no meu entendimento se faz de maneira profissional. Cobrando, fiscalizando, orientando, preservando e direcionando o bem comum ao melhor dos rumos.

 

Com o tempo as Administradoras passaram a oferecer um serviço jurídico como apoio aos síndicos. Sindicatos de Condomínios foram criados com claro intuito de captação de causas. Mão de obra desqualificada, baixo custo de serviço (e consequentemente muita insatisfação no resultado) foram a realidade de muitos condomínios pelo país.

 

O jeitinho, a nota superfaturada, a propina, a falta de responsabilidade, imperava na área condominial. Por décadas, para falar a verdade o ramo do Direito Condominial foi visto como uma “sub-área”. Feita por baixo dos panos, onde quanto maior a informalidade, melhor. Onde possui informalidade, falta de procedimentos definidos, profissionais de baixa remuneração e qualificação, falta também fiscalização. Onde se tem falta de fiscalização temos o ambiente infecto propício à corrupção.

 

É preciso união da classe condominial como um todo, para que sejamos reconhecidos como profissionais que realmente somos. Mas para isso, é preciso que façamos uma verdadeira análise de nossos atos na gestão. Estamos cercados de bons profissionais? Estamos buscando as referencias do mercado, ou optamos pelo jeitinho brasileiro nefasto e sem nota, onde o barato sempre sai caro.

 

Nós, da Zabalegui & de Lima – Sociedade de Advogados estamos ao lado dos bons profissionais do mercado da Sindicatura. Apoiamos essa causa, pois entendemos que uma sociedade evoluída começa em casa. Começa no nosso condomínio. Começa quando o Síndico lidera, comanda, orienta e conduz esse barco. Começa quando busca uma Administradora competente que faz a verdadeira Administração Condominial de forma precisa e transparente. Começa quando o Síndico deixa de buscar apoio com o Advogado generalista que copia e cola uma fundamentação de uma Ação, para buscar os melhores profissionais do mercado. Quando os Advogados do condomínio buscam o melhor para quem verdadeiramente os paga: o bem comum chamado CONDOMINIO!

 

Não dá pra chamarmos de gestão profissional condominial quando há nítido conflito de interesses em jogo. Quando Auditores são chamados para verdadeiramente auditarem as contas, esclarecendo as dúvidas pertinentes às prestações de contas. Quando deixamos a contabilidade para os verdadeiros mestres da arte contábil: Os Contadores. Quando cumprimos nossas obrigações com os trabalhadores de forma justa e transparente. Gestão Condominial Profissional verdadeiramente é isso. Um time, jogando junto, capitaneado por esse líder que muitas vezes sofre extrema pressão chamado Síndico! Por um chamado a um 2021 profissional na gestão condominial;

 

Clodoaldo de Lima - Advogado Condominial e Empresarial Sócio da ZDL Advogados.

 

Fonte: Blog da ZDL Advogados


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