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30/03/2020

Sem poder sair de casa, vizinhos montam "comércio interno" dentro de condomínio em Sorocaba

Sem poder sair de casa, vizinhos montam

Moradores se mobilizaram para ajudar uns aos outros durante a pandemia de coronavírus. Carne, bolos, pães, marmitas e roupas estão entre os produtos vendidos.

 

Dizem que é em tempos de crise que as pessoas se unem ainda mais. Um exemplo disto pode ser visto em um condomínio localizado na zona oeste de Sorocaba (SP), onde os moradores decidiram criar uma rede de comércio própria para ajudar uns aos outros durante a crise econômica provocada pelo novo coronavírus.

 

A ideia, segundo a síndica profissional Ana Dominici, surgiu no último dia 17, quando teve início o período de quarentena para evitar a propagação da doença.

 

Sem poder sair de casa, os condôminos se mobilizaram e criaram uma lista com nomes, telefones, números das casas e produtos oferecidos por cada um deles. Os interessados fazem os pedidos através de um grupo no WhatsApp, criado justamente para a ação.

 

"O objetivo é ajudar os pequenos comércios dos nossos vizinhos para que a economia ao nosso redor não sinta tanto o impacto da situação", explica Ana.

 

O condomínio conta com 100 casas e mais ou menos 400 moradores. Destes, cerca de 60 prestam algum tipo de serviço. Entre os produtos comercializados estão carne, bolos caseiros, pães caseiros, marmitas, roupas, semijoias e produtos de beleza.

 

Além de trabalhar em casa como síndica profissional, Ana decidiu ajudar os vizinhos fazendo pães. "Começou com a ideia de doação de pães para os idosos, no intuito de eles não precisarem sair de casa para comprar. Mas, como houve uma grande procura, passei a vendê-los para outros moradores. Já foram mais de 40 pães entre os dias 22 e 23", conta.

 

A moradora Evelyn Rafacho Athayde de Freitas, de 45 anos, trabalha como autônoma revendendo semijoias e produtos de beleza. Embora tenha sentido os reflexos da quarentena nos negócios, ela participou ativamente da montagem da lista.

 

"Infelizmente, nesse período as semijoias não têm tanta saída como outros produtos, mas achei importante coletar os dados de quem tem algum tipo de serviço para poder facilitar o acesso para os moradores não terem que sair de casa", comenta.

 

 

Alguns moradores deixam o dinheiro no parabrisa do carro para evitar contato com o vizinho — Foto: Ana Dominici/Arquivo pessoal

Alguns moradores deixam o dinheiro no parabrisa do carro para evitar contato com o vizinho — Foto: Ana Dominici/Arquivo pessoal 

 

Precauções

 

Para evitar qualquer tipo de contato pessoal, as entregas são deixadas nas portas dos moradores e o pagamento é feito via transferência bancária ou o dinheiro é deixado nos parabrisas dos carros estacionados nas garagens.

 

"Creio que assim estamos diminuindo a circulação, principalmente de terceiros, o que ajuda a não espalhar o vírus", ressalta Ana.

 

Além disso, os idosos estão sendo aconselhados a ficar em casa e, de acordo com a síndica, os vizinhos mais jovens avisam quando estão indo ao mercado e se oferecem para fazer as compras no lugar deles.

 

Os comunicados e orientações sobre como se proteger da Covid-19, quase que diários, foram intensificados no condomínio e dispensers de álcool em gel foram instalados nas áreas de maior circulação de pessoas.

 

Já as áreas comuns, inclusive as abertas, tiveram o uso suspenso e a entrada de prestadores de serviços nas casas sofreu restrições, ficando permitidos somente os serviços emergenciais e com a prévia autorização da síndica. Nestes casos, o morador deve orientar os trabalhadores a usarem luvas e máscaras e a redobrarem os cuidados com a higienização básica.

 

Fonte: G1 


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